Pequenos furtos infantis
por Dra. Shirley de Campos em 2003-07-07
por Dra. Shirley de Campos em 2003-07-07
Você já abriu a mochila do seu filho e deu de cara com uma lapiseira, um brinquedinho ou outro objeto que você não comprou e que ele não ganhou de presente? Ou então, já sentiu falta de alguns trocadinhos que jurava ter deixado na bolsa? A primeira idéia que vem à mente é a de que seu filhote roubou, não é?
Tranqüilize-se, pois o fato de seu filho levar para casa o lápis do colega ou pegar um ou dois reais da sua carteira, sem permissão, não quer dizer que ele esteja a caminho da delinqüência ou que seja um cleptomaníaco. Cleptomania, se você não sabe, é o nome de um distúrbio comportamental relacionado ao furto repetido de pequenas quantias em dinheiro ou objetos sem muito valor."Sem dúvida, a criança que desenvolve esse hábito está sinalizando um momento de conflito, mas esse não é um motivo para levá-la imediatamente ao psicólogo.
Os pais devem conversar com o filho para saber por que ele fez aquilo e explicar que esse tipo de atitude não é correto", diz a psicóloga Maria Regina Albertini, de São Paulo."É importante informar aos pais que não há criança cleptomaníaca. Esse tipo de doença decorre de distúrbios emocionais e aparece apenas na adolescência e na fase adulta", complementa Maria Regina.No centro dos holofotes. A criança menor, de dois a quatro anos, ainda não tem maturidade para entender que não pode pegar, sem permissão, o que não é dela. Nessa idade, a garotada não tem maldade ou malícia para querer se apoderar do que é do outro. Quando o faz, é porque acha o brinquedo atraente e gostaria de tê-lo.Os pais não devem esperar para ensinar ao filho que é errado pegar as coisas dos amiguinhos.
O melhor é que eles façam isso assim que a criança aparecer com algo que não é dela. Porém, antes de tomar qualquer medida, tente investigar por que o objeto está ali. Pergunte a ele! Seu filho pode ter ganhado um presentinho da professora ou mesmo de um amigo. Em caso de dúvida, cheque a informação na escola.Dependendo da maturidade da criança - normalmente a partir dos cinco anos - o fato de levar para casa coisinhas que não pertencem a ela merece atenção, principalmente se começar a se tornar rotina.
O garoto está, provavelmente, tentando substituir algo de que sente falta pelo objeto furtado.Numa conversa franca e atenta com ele, você terá condições de avaliar se o motivo do furto foi exclusivamente o desejo de possuir um objeto igual ao do amigo ou se há um distúrbio emocional desencadeando tal comportamento.
Chamar a atenção dos pais pode ser a causa. É bom deixar claro que, nem sempre, a carência de atenção é fruto da ausência dos pais. Há crianças que precisam ser mais cuidadas do que outras e algumas encontram, nos pequenos delitos, a única forma de demonstrar essa necessidade.Mesmo os maiorzinhos, até dez anos, não devem ser castigados por desejar e "surrupiar" aquilo que não é deles. É sinal de que eles, ainda, não aprenderam a lidar com a frustração de não possuir certas coisas ou, quem sabe, estão com dificuldades para enfrentar certas emoções.Mais uma vez, o caminho para resolver essa questão é ouvir o que a criança tem a dizer a respeito e explicar a ela que nem sempre conseguimos tudo o que queremos.
Aproveite para deixar claro que você está sempre disposto a bater um papinho amigo.Conversar é o melhor remédio. Em primeiro lugar, é importante reconhecer que, se a criança levou para casa objetos que não são seus, significa que ela pode estar precisando de ajuda. Afinal, essa é a única forma que ela tem de se expressar.Significa, também, que faltou diálogo para que seu filho tivesse a oportunidade de falar sobre o dia-a-dia - na escola, no playground, na brincadeira com os amiguinhos.
Nesses bate-papos, os pais se interam do universo da criança, que costuma dar sinais quando algo de novo está rondando sua cabecinha.Uma vez que ela tenha pego algo que não é seu, precisa ouvir sobre o assunto e perceber a gravidade desse ato. Respeite a maturidade de seu filhote e tome cuidado para não transformar o caso num drama (você já viu que ele merece atenção, mas não desespero).
"Para as crianças a partir dos sete anos, vale estabelecer uma pequena mesada que lhe permita comprar as bugigangas que deseja - doces, balas, salgadinhos, figurinhas. Isso evita que elas caiam na tentação de levar o que é do amiguinho", aconselha Maria Regina.Se acontecer mais de uma vez, não entre em pânico: ouça o pequeno, converse e explique tudo mais uma vez. Assim, o sintoma tende a desaparecer. Caso a mania persista, peça orientação a um psicólogo.
Johnson & Johnson
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